Retorno!


Cerca de três anos após o incidente que me obrigou a deletar dois blogs mantidos desde 2005, retorno.

Inteira, ainda que um incrível naco de meu peito tenha sido arrancado, dilacerado em garras de uma ave furiosa e faminta. Sangro!...

Mas esse centro teima em se refazer, reconstruir, teima em se recompor pouco a pouco. Nesse processo, desfaleço inteira e me reergo, para logo sucumbir logo adiante!

Palavras, letrinhas, tinta, espaço, e eis que toda a liberdade do mundo me é oferecida, o céu e os ventos, para esses gritos que ninguém ouvirá, mas que ecoarão enquanto me agrilhoarem os arcos no alto da montanha, e essa fera me vier abocanhar, e eu não conhecer a paz!...

Porque experimentei do fogo que incendeia tudo, e maculei inteiro esse órgão que bombeia e marca a marcha das almas sobre a terra, caí, condenada à águia que o vem remover a cada dia. E da grande ferida jorram litros do meu sangue e gozo e lágrimas!

Mas também não morrerei eu, por pura teimosia e ancestral força de titã, bendita e amaldiçoada com essa fúria indômita que me arremessa de encontro ao interdito, que eu arrombo, transgrido, para logo ser castigada, mas sem o poder evitar!... É que esta é a minha natureza.

Dissolvo-me inteira e, ainda assim, resisto, densa e gélida, diáfana ou fervente, à águia. Tempo haverá em que a lucidez, recobrada, me libertará.

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