Ainda os mitos...

Algo em meu caminho quis que eu internalizasse uma tendência que, hoje, me condena.

A atração por desafios excruciantes, dolorosos, sobrehumanos, que não só busco como enfrento, e aos quais - após o flagelo e o esforço indescritíveis -, abandono, perco, permitindo que a rocha gigantesca role novamente para o sopé da montanha!...

Um ciclo que se repete em minha vida, triste destino, vontade dos deuses ou obra de humanos, talvez castigo de minha própria hybris, esse temperamento indomável que ostento.

E me espanto, assusto, exaspero com a sina!

Dia não há em que a rocha monumental não me esfole e desfigure mãos, rosto, corpo, alma; e vez ainda não aconteceu de eu, finalmente alcançando o topo, me tenha permitido a maior das recompensas: a paz da conclusão da tarefa e a liberdade depois dela! Talvez algum outro prêmio, um diploma (ou dois, até três que deixei para trás), melhores chances, uma vaga, crescimento em várias esferas...

Mas algo maior, inexprimível, que reside em mim e não na rocha, não admite essa passagem para outra aventura... Hoje, ciente disso, tento reverter a fúria dos deuses que a essa montanha me aguilhoou.

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